O mês de setembro é considerado pela Igreja o mês bíblico. Para contribuir quero contar um fato que tem a ver com jovem e Bíblia. Convido-te para ler estas breves linhas, fruto da experiência de final de tarde.
Era uma sexta feira. O relógio marcava 18h. Resolvi ir à padaria. Ao chegar ao local percebi que em anexo funcionava uma sorveteria. Avistei um grupo de jovens se deliciando com sorvetes. Passei próximo deles. Rapidamente os cumprimentei dizendo um oi, e fui comprar os pães.
Dentro da padaria fui atendido por dona Lurdes, que de imediato começou a conversar sobre a comunidade. Comentou sobre a história paroquial, dos momentos bons e difíceis... Aproveitando-me da conversa, perguntei: Como você vê a participação dos jovens em nossa Igreja? Num sorriso tímido, me disse: “Não está nada bem, padre! Algumas atividades foram feitas para tentar envolvê-los, mas parece que não resolveu a situação”.
Dona Lurdes, como boa confeiteira, continuou: “Padre, tu sabes como o pão é feito. É básico pôr o fermento na massa para que a massa cresça. Para que a fé e a participação comunitária nos jovens cresçam, não tenho receita. Talvez a gente tenha que se misturar a eles; se possível mexer com eles, pois eles são uma grande massa”.
Naquele momento, Cristiano, filho de dona Lurdes passou para avisá-la que estava ao lado, na sorveteria, conversando com os amigos. Sentindo a simpatia de Cristiano e ouvindo a dica de dona Lurdes, paguei os pães, e meio que de “enxerido” fui tomar sorvete com o Cristiano e os seus amigos.
No início minha presença abafou a conversa, o riso daqueles jovens, deixando-os tímidos. Embora não me conheciam bem, sabiam que eu era o novo padre; há quatro meses eu estava na comunidade. Contudo, aos poucos, a conversa começou fluir e tomar diversas direções. A que mais me marcou foi quando um deles confessou não ter mais freqüentado a Igreja após ter feito o sacramento da Crisma. O grupo todo começou a rir, e Cristiano, em tom de seriedade, disse: “É Padre, aqui ninguém vai à igreja!”
Embora minha presença tenha direcionado a conversa, mesmo sem eu ter tocado no assunto, os jovens passaram a falar de religião. Daí, sim, perguntei: Por que vocês têm deixado de participar da comunidade?
Simplesmente, uns responderam que não sabiam; o que havia dito que não estava freqüentando a Igreja, apenas fez silêncio. No entanto, Paula olhando para o alto, respondeu: “Padre, às vezes vou à igreja, mas parece que falta algo”. Sem preconceito, perguntei: O que tu buscas, quando vai à igreja? Ela com facilidade, afirmou: “Eu gosto, padre, de estudar a Bíblia!”
Sinceramente, amei a franqueza da Paula. Evidentemente, apenas a ouvi, procurei refletir e entender o que ela estava propondo. Nosso bate-papo cessou quando o celular de Paula tocou; era seu Pai convidando para ir para casa, pois a janta estava à mesa. Assim, nos despedimos...
Ao chegar à casa paroquial, optei em registrar, escrevendo este fato real. Está história me marcou, pois tanto a conversa com dona Lurdes, especialmente tida com os jovens, ajudaram perceber como está próxima a ferramenta para se trabalhar com os jovens.
A partir disso, digo que Jovem e Bíblia tem tudo a ver. Quem sabe, se possibilite aos jovens, neste mês de setembro, momentos de encontro com a Bíblia. Aqui, os primeiros a serem convidados serão os do grupo de amigos que encontrei na sorveteri
Vamos tentar juntos?